Então eu não sou mesmo grande coisa. Mas eu sei disso. Conheço minhas limitações, que são tantas e que me fazem tão pequena, tão comum, beiro a insignificância.
No entanto, eu sei que preciso pedir a Deus, todos os dias, SABEDORIA. Principalmente quando lido com os super humanos.
Já percebeu como nós, pobres mortais vivemos cercados por super humanos? Parece que todos que conheço são os melhores profissionais de suas empresas, geralmente são chefes (mesmo que seja do departamento do carimbo), todos tem respostas para tudo, essas pessoas sabem de tudo, eles tem faculdade com pós, MBA e ninguém, além de mim é apenas uma secretária, ou atendente de balcão, telefonista, chapeiro, porteiro. Todas as mulheres tem filhos muito bem criados educados, elas não sofreram durante suas gestações, se tiveram parto normal, saíram de salto alto como Lady Kate, usando jeans e se o parto foi cesária, no dia seguinte estavam arrastando móveis pelas casas. Só eu, só eu e você, cara leitora, é que sofremos e nos descabelamos durante as gestações e que precisamos sair arrastadas do hospital, porque ali foi provavelmente o único lugar na face da terra que te levaram um prato de comida na cama e pelo menos uma vez a cada 3 horas, alguém vinha e te perguntava se você estava bem e se já tinha feito o cocô do dia. Sim, no hospital, até meu cocô era importante.
Por muitos anos eu vivi enganada, acreditando que a grama do vizinho era mais verde porque ele cuidava mais que eu da minha. Sempre a culpa era minha, se não tenho isso é porque deveria ter estudado 13 horas por dia, em vez de 12h, se não sabia cozinhar tal comida era porque minha mão era péssima para cozinha, se meus móveis estavam fora do lugar, era porque não usei régua para medir. Se meus filhos não dormem a noite toda, deveria contratar uma terapeuta do sono, como uma conhecida fez, mas não posso porque não sou chefe de um banco e sou pobre .
Acontece querida, que você que pensa como eu, não se engane como eu, compreenda que as aparências enganam, assim como essas fotos cretinas e desleais das redes sociais, onde todos são extremamente felizes e se amam. Se você olhar bem perto da cerca que divide sua grama e a do vizinho, corre o risco de perceber que a grama é falsa. Sintética. Não tem raízes.
Aliás meu amor, minha linda que tá acompanhando meu texto, vamos pensar em grama? Grama é uma praga, tanto no sentido figurado, quanto no sentido real da coisa. Ela se espalha por todos os lugares e cresce em maior velocidade do que você teria para aparar e regar, o sol quando está forte demais queima a droga da grama, e se estiver frio de mais a droga da grama queima também no gelo, mas suas raízes estão lá sobrevivendo e mantendo esse ciclo irritante ao qual nós estamos tão amarrados.
E eu sei que esse texto não se trata do vizinho, nem da cerca, muito menos da grama. Esse texto se trata de eu e você nos preocuparmos com isso em vez de plantarmos nosso jardim, lindo, com rosas, girassóis e ervas para chás. Larga da grama, esquece dela. Sua vida, assim como a minha precisa de um jardim sim, mas um jardim com vida, não com praga. Quando eu compreendi isso, semeei em minha vida plantas (pessoas e situações) que me dão prazer de tratar, cuidar dos bichos que tentam as estragar e por fim, esqueci que tenho vizinhos. Porque afinal, vizinho é ótimo, para trocar xícaras de açúcar, emprestar a chave da cancela do condomínio ou até para receber a correspondência caso você não esteja em casa, mas sobre todas as coisas o melhor lugar para o vizinho é na casa dele. kkk Maaaaaaaaaaaaaas, se você tem a benção de ter um amigo como vizinho, cuide de manter. Porque isso é raro, como um jardim sem grama.
Um xêro.
Kezia Chaves
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