08/08/2016

Mammy Derma

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Olá,
 
Me chamo Natally e fui mãe pela primeira vez aos 29 anos. Eu estava no meu último ano de residencia médica, e decidi que minha vida precisava de algo a mais, e que o tempo estava passando e eu preciava aumentar minha familia. Meu casamento estava pleno, cheio de perspectivas e eu decidi que era o momento.
 
Na verdade, sempre quis ser mãe, e eu havia decidido na infância que isso seria por volta dos meus 20 anos de idade. Mas, diferente de como toda crianca imagina, aos 20 anos eu ainda não havia terminado minha faculdade, não sabia como seria meu trabalho, não tinha minha casa e ainda não tinha decidido me casar.
 
A vida foi tomando uma forma diferente para mim, afinal, escolhi por uma faculdade que durava 6 anos e depois disso, descobri que eu precisaria de mais alguns anos para finalmente fazer exatamente o que gostasse, ser dermatologista. Eu nao tinha familiares médicos e sonhava muito apenas com as belezas da minha profissão. Ela é cheia de tristezas e alegrias. Cheia de histórias de superação e de questionamentos. Não é uma profissao fácil porque lidamos com a vida em uma perspectiva diferente. Quem nos procura tem queixas e não boas notícias.
 
Mas enfim, a minha vida precisava seguir, e eu sempre quis ser mãe. De repente, me vi trabalhando muito, tentando adquirir, mas sem sucesso. Resolvi entao que queria ser mae; que meu trabalho tinha que parar um pouco.
 
Tentei por 7 meses. Foi um período de inseguranca e medo de que as coisas nao dessem certo. Medo de encontrar um problema de saúde que nao me permitisse conquistar aquilo que eu sempre sonhei: ser mãe.
 
Um mes depois da decisao de ser mãe, realizando todos os meus exames, descobri uma mudança em um dos nódulos da minha tireoide. Sofri, fiz minha punção, com medo de um resultado negativo, venci e não tive problemas. Tive minha primeira filha. Vivi a maternidade intensamente e "sozinha". Amamentei e dei meu máximo. Aprendi a julgar menos e descobri o quanto ser mãe é a profissão mais difícil do mundo. Voltei a trabalhar, me senti egoísta por amar meu trabalho e não conseguir renunciá-lo pela maternidade como vejo tantas outras mães fazendo. Chorei e me angustiei com as tantas infeccções no primeiro ano de escola.
 
Engravidei novamente aos 8 meses da minha primeira filha. Chorei de novo com o medo da angustia que iria sentir novamente com as doenças, separação ao deixar na escola, amamentação, o peso mensal nas consultas de puericultura e meu trabalho que ia parar novamente (e eu precisando conquistar o mundo para dar o melhor para minha filha). Ah! tive medo também de dividir meu tempo e o amor pela minha primeira filha...
 
Minha segunda filha nasceu... Tudo foi muito mais fácil... eu a amei desde o primeiro instante... O amor não dividiu, se multiplicou. As angústias foram menores, porque eu sabia onde estava pisando. Eu vi mais amor na minha casa, conheci o amor de irmãs por outra perspectiva e foi a coisa mais linda de se ver. Passei a desejar o segundo filho a todas as mães do mundo.
Descobri um câncer de tireóide aos 6 meses da minha segunda filha. Operei. Estou bem e voltei a trabalhar. Ja se passaram 4 meses desde a minha doença e eu so consigo me sentir grata por tudo o que Deus me proporciona, desde o nascimento da minha primeira filha até o meu câncer (afinal foi comigo e com mais ninguém).
 
Hoje estou aqui, trabalhando, tentando dividir minha vida, e lembrar a cada uma das mães que atendo, e que sofrem de doenças e com angustias da maternidade, de que a nossa saúde (em todos os sentidos - mental e física) garante a felicidade da nossa família. Que nós somos o pilar da casa e que acima de tudo, realmente somos fortes e capazes de superar e de ajudar outras mães a passarem por qualquer dificuldade que venha surgir. Que precisamos julgar menos, a nós mesmas e às outras mães, porque ninguém erra quando faz as escolhas com amor.
 
Espero ter contribuído de alguma forma com uma parte da minha biografia.
 
Beijos a todos.
Natally Morais

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