Introdução
O Pé Torto Congênito (PTC) é uma deformidade complexa que envolve
ossos, músculos, tendões e vasos sangüíneos. O pé é geralmente pequeno e assume
a posição em eqüino-varo-supinado (calcanhar elevado, pé voltado para dentro e
rodado para cima) (Figura 1).
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Figura 1: Pé torto congênito bilateral
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Incidência
A deformidade ocorre em cerca de 1 para 1000 nascidos vivos e é
bilateral em 50 por cento das crianças. Os meninos são duas vezes mais
acometidos do que as meninas.
A causa do PTC ainda não é bem conhecida. Algumas teorias procuram
explicar o mecanismo pelo qual se desenvolve a deformidade. De acordo com a
teoria esquelética, o defeito primário estaria na deformidade de alguns ossos
do pé. A teoria muscular fundamenta-se em achados de estudos ao microscópio
eletrônico, que demonstram alterações de fibras musculares no PTC. Conforme a
teoria neurológica as alterações primárias estariam nos nervos periféricos. A
teoria vascular baseia-se no fato de que anomalias arteriais em fetos e
embriões podem determinar deformidades congênitas. Existe ainda a teoria da
‘parada do desenvolvimento embrionário’ que defende a idéia de que o pé
permaneceria em seu estado embrionário desde a 5a. semana de gestação.
Estudos realizados em famílias de pacientes com PTC comprovam a
importância da genética no aparecimento da deformidade, mas o exato mecanismo
de herança ainda não foi determinado, talvez por existirem diferentes padrões
de herança e causas. De qualquer forma a herança que mais tem sido considerada
é a multifatorial, na qual há vários fatores envolvidos no desenvolvimento de
uma deformidade congênita. Estes fatores são genéticos e ambientais. Partindo
da suposição de um padrão de herança multifatorial e de estudos epidemiológicos,
a recorrência da deformidade em um casal que tem um filho com PTC é, em média,
de 4 por cento.
O diagnóstico do PTC é feito no recém-nascido através do exame
físico, que tem como um dos objetivos afastar outras condições que também se
apresentam com pé torto ao nascimento. Como algumas crianças têm luxação dos
quadris associada, os quadris devem ser sempre avaliados. O exame neurológico
deve ser realizado em todas as crianças, objetivando afastar a possibilidade de
pé torto neurogênico (secundário a desequilíbrio muscular de causa
neurológica), que é tratado de maneira diferente do PTC. Pés muito rígidos nas
fases iniciais vão, provavelmente, necessitar tratamento cirúrgico, e uma
diferença importante entre o pé normal e o envolvido sugere deformidade mais
grave.
A ultrassonografia é sensível para diagnóstico pré-natal de pé
torto a partir da 20a. à 24a. semana de gestação.
1) Estudo radiográfico de coluna e quadris, se o exame físico demonstrar
alguma anormalidade.
2) O exame radiográfico dos pés, nas incidências ântero-posterior e lateral com carga é útil nas crianças maiores, pois complementa o exame físico.
2) O exame radiográfico dos pés, nas incidências ântero-posterior e lateral com carga é útil nas crianças maiores, pois complementa o exame físico.
O tratamento deve ser iniciado logo após o nascimento com
manipulação seriada e gesso (a cada semana, o pé da criança é suavemente
estendido pelo ortopedista e a deformidade vai sendo corrigida gradativamente).
Após cada manipulação é feita imobilização com gesso. A resposta a este tipo de
procedimento é boa em muitas crianças.
Quando não se consegue uma boa posição do pé com manipulação
seriada e gesso, o tratamento cirúrgico deve ser considerado. A idade ideal da
cirurgia do PTC permanece controversa. Há ortopedistas que recomendam a
realização do procedimento nas primeiras semanas de vida, mas não há, na
literatura, registros que realmente comprovem que crianças operadas
precocemente apresentam melhores resultados. Além disso, quanto mais nova a
criança, mais difícil a cirurgia e maior a possibilidade de hiper-correção ou correção
insuficiente. A maioria dos cirurgiões concordam que a melhor idade para
tratamento cirúrgico é entre três meses e um ano de idade. A cirurgia consiste
de alongamento de tendão e liberação de ligamentos e da cápsula articular
retraída, sabendo que as partes moles no pé torto são mais resistentes do que a
parte osteocartilaginosa. No pós-operatório, o pé é imobilizado com gesso por
três meses. A alta do hospital é precoce, mas a criança deve continuar sendo
observada em casa. No
caso de febre, aumento da dor, aumento do edema acima e abaixo do gesso,
drenagem de secreções ou dedos dos pés frios, a criança deve ser reavaliada
pelo ortopedista. A possibilidade de infecção ou compressão pelo gesso será
investigada. O resultado da cirurgia é, geralmente, satisfatório, mas existe
possibilidade de recorrência com o crescimento.
Havendo recorrência da deformidade, uma nova intervenção cirúrgica
pode ser indicada.
Fisioterapeuta
Mestrando em Fisioterapia - Musculoskeletal Physiotherapy, Polytechnic Institute of Setúbal - I.P.S.
Especialista em Neurologia e Acupuntura
Tel.: +351 - 917.498.866
Mor.: Av. D.Joao II, 42. 6B - Setúbal
1 - Joao esta lindo na foto;
ResponderExcluir2 - Essa questao de ser diagnosticado 0a. à 24a. semana de gestação. Nao sabia e acho que em Portugal só ligam a isso quando a criança nasce
3 - Sei que colocam gesso nos pés e perna a deixar a criança bem nervosa
Acho que a filha de uma amiga teve isso e da mamae Carol tambem. Carol sofre muito ainda mais que nao podia pedir ajuda ao estado portugues. Ensinar uma outra forma de resolver isso sem cirurgia é uma excelente ideia
ResponderExcluirNa maioria dos casos, o defeito consiste em um desenvolvimento incompleto de um órgão. A maioria desses defeitos podem e devem ser reparados cirurgicamente, só que alguns lugares colocam aquelas botas nas crianças e pronto, tudo resolvido e depois ... temos problemas mais graves. Dr Joao, excelente material. posso encaminhar para amigos?
ResponderExcluirmuito boa materia!!!
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