29/04/2016

Quem sou eu na fila do pão?

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Há quem diga que toda mulher já nasce mãe. 
Pura mentira. Eu não nasci mãe, apenas nasci.
Jamais imaginei que um dia eu seria essa mulher devorada pela rotina, de raiz branca e unhas por fazer.
Quando criança, me preocupava em ir a escola e estudar, sentava próximo ao pé de Jasmim durante o recreio e enfeitava o cabelo com as flores que caiam pelo chão. Eu apenas olhava para o céu e desejava sentir o vento, porque no nordeste faz muito calor e esperava ansiosa o final de semana, assim poderia dormir até mais tarde um pouco e brincar mais na rua.
Com o passar do tempo, fui ao teatro pela primeira vez, desses itinerantes que visitam escolas. Eu enganei a todos em casa e fui escondida assistir uma peça que nem lembro mais o título. 
Mas o meu sonho, era fugir com o circo. Só me faltava coragem. Como deixaria tudo, minha família, meu mingau, meus vestidos feitos por encomenda? Como? (risos). 
Mãe? Só de minhas bonecas, essas padeciam comigo, era tanta bronca, tanta comida de areia e tanta salada de capim, que se fossem crianças de verdade não teriam passado dos 3 meses de vida.
Minha adolescência foi algo muito estranho, porque eu era meio sonsa (mais risos), frequentava igreja e era o que as pessoas esperavam que eu fosse, falava o que elas esperavam ouvir e participava das atividades de rotina da igreja onde meu pai era pastor. Um saco!
Mãe? Eu era quase mãe, forçada. Né? Tinha que cuidar de minhas irmãs. Chatooo!
Quando me tornei "adulta", isto é, idade de trabalhar, votar e ser presa (caso cometesse algum crime), aí sim, foi o pulo do gato. Arrumei emprego, cortei e pintei os cabelos, fiz uma tatuagem e ... continuei na mesma (muitos risos). Sim. Nada mudou, além do meu exterior. Eu sequer pensava em namorar, para mim isso era perda de tempo. Eu tava usando as roupas que me agradavam, indo a igreja que eu me identificava, jantando onde e com quem eu considerava amigo e indo ao cinema ver filmes que me interessavam. 
Disso tudo, até hoje, o que me acompanha é o gosto pelo Grupo Logos, o amor ao nordeste e o apego a fé.
Sabe por quanto tempo eu vivi sem pensar em ser mãe? 28 anos. Sim, eu vivi 28 anos sem filhos.
Claro, aos 28 eu casei e comecei a procriar. E a sensação que tenho é que de tudo o que vivi, tudo mudou, me restam o gosto pelo Grupo Logos, o amor ao nordeste, o apego a fé e uma vida nova. Totalmente sem planos, sem raiz de cabelo retocada, sem unhas feitas, sem frescura. Com noites sem dormir, comendo comida fria, com olheiras em 50 tons de cinza, com tanta aventura... Aos poucos, bem aos poucos vou contar para vocês, quem eu sou hoje e o que a maternidade tem realizado em minha nada mole vida.

Sou Kézia Chaves, assessora, podcaster e mãe.
Twitter: @keziachavesbn
Insta: @keziachaves

Beijos.

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